“O Mais Médicos é de tirar o chapéu, independente de politica partidária”. A afirmação é do prefeito de Camaragibe (PE), Jorge Alexandre, que integra os quadros do PSDB, maior partido de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff. Camaragibe, município com 143 mil habitantes e localizado na Região Metropolitana do Recife, foi destaque em uma matéria do jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira 4 sobre a desistência de alguns profissionais em continuar no programa.
Dos mais de mil inscritos, pouco menos de 30 haviam desistido alegando falta de estrutura, condições de alojamento, carga horária, entre outros pontos. Em Camaragibe, dos quatro médicos aptos a trabalhar no âmbito do Mais Médicos, apenas um, Nailton Galdino de Oliveira, 34, entregou o cargo. O município espera receber outros dois profissionais na próxima fase do programa do governo federal.
“Não negamos que existam problemas, mas também não é como o médico (Nailton Galdino) falou, de que falta praticamente tudo. Faltam alguns medicamentos, mas ele sequer levou em consideração que estávamos no final do mês e que os medicamentos em falta são repostos nesta data”, diz o prefeito. Nailton trabalhou apenas dois dias antes de desistir. “É uma aberração: teto caindo, muito mofo e infiltração, uma parede que dá choque, sem ventilação no consultório, sala de vacina em local inapropriado, falta de medicamentos”, declarou o médico à Folha.
“Camaragibe tem 39 postos de atendimento médico, 42 equipes do Programa Saúde da Família (PSFe três Centros de Atendimento Médico Especializado (Cemec). Claro que nem todos estão pintados e bonitinhos e também faltam alguns medicamentos, que são repostos conforme a necessidade, como em toda e qualquer cidade do Brasil. Mas não temos nenhuma unidade sem funcionar e, com o programa Mais Médicos, neste momento, não temos mais déficit de médico no sistema de saúde municipal”, rebateu Jorge Alexandre.
Para o prefeito, o que falta na realidade são médicos. “O programa é bom, vem para ajudar a população carente, ajudar quem realmente precisa de atendimento à saúde e não tem. A maior dificuldade nem é tanto estrutural, mas está junto aos médicos. Médico é uma mão-de-obra difícil de lidar. Qualquer coisa que os desagrade, eles logo viram as costas”, desabafa Alexandre. E ele sabe o que diz quando se refere à população carente.
Camaragibe possui 143 mil habitantes espalhados por uma área de54 quilômetros quadrados. Deste total, 80% são áreas de morros. Detalhe: mais de 70% da população é considerada de baixa renda. O Produto Interno Bruto (PIB) é de cerca de R$ 700 mil e a renda per capita é inferior à metade da média nacional. Além disso, Alexandre diz ter herdado dívidas de quase R$ 7 milhões da gestão anterior. “Com isto tudo eu vou criticar um programa que veio para ajudar? Independente de questões partidárias, temos mais que aplaudir iniciativas como essa”, afirma. (Fonte: Folha de São Paulo/Portal 247).