terça-feira, 24 de dezembro de 2013

SENADOR ARMANDO MONTEIRO


Armando Monteiro sai em defesa de um estado com mais equilíbrioVirtual candidato, Armando fala da parceria com petistas, mas economiza em ataques a Eduardo

Aline Moura - Diario de Pernambuco
Publicação: 24/12/2013 07:38 Atualização: 24/12/2013 10:20

 (Roberto Ramos/DP/D.A Press)
Senador e pré-candidato ao governo do estado, Armando Monteiro Neto (PTB), disse, ontem, não estar disposto a fazer um discurso de “desconstrução” da gestão de Eduardo Campos em 2014. O parlamentar, também presidente estadual do PTB, frisou que tal ênfase seria contraditória com o histórico de seu partido, que foi aliado de Eduardo até ele se colocar como presidenciável e romper com o governo Dilma Rousseff (PT). “Nós temos o desafio de fazer um estado mais equilibrado”, declarou, em entrevista ao Diario, onde foi recebido pelo presidente e pelo vice-presidente dos Diários Associados no Nordeste, Joezil Barros e Gladstone Vieira Belo.

Numa conversa que durou exatamente uma hora, Armando  mostrou-se confiante na possibilidade de receber o apoio do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff em 2014. Ele fez críticas à economia nacional e ressaltou que a presidente terá a missão de apresentar uma agenda nova para o país no período eleitoral para “acender” a esperança dos eleitores. No tocante à área administrativa, o senador tem mais afinidades do que discordâncias com o governo Eduardo, algo que não assume mais abertamente por ter escolhido defender o palanque de Dilma.
Mas, quando o assunto é política, ele chega a dizer que o presidenciável socialista está fazendo um discurso eleitoral ao falar sobre a ausência de um pacto federativo no Brasil. O parlamentar observa, ainda, que o senador Aécio Neves (PSDB) tem mais chances de demarcar terreno e se firmar como voz de oposição na disputa nacional. 

"Nós temos o desafio de fazer um estado mais equilibrado", declarou, em entrevista ao Diario foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
"Dilma vai precisar de nova agenda"

Fernando Bezerra como aspirante
Eu entendo que Fernando faz uma movimentação intensa para se credenciar como candidato, porque ele ainda não é, ele é aspirante… E nisso, que me parece uma coisa meia sôfrega, ele termina cometendo injustiças. Ele cometeu um erro quando disse que, em 2012, a Bahia cresceu 3,1% e Pernambuco e Ceará cresceram 3,7%. Ele comete um equívoco, porque Pernambuco cresceu 2,3%. Então, eu reafirmo o que eu disse: no ano passado, Pernambuco cresceu menos do que a Bahia e o Ceará. A análise do Banco Central mostra que a gente está crescendo menos do que o Ceará e a Bahia. Então eu acho que foi uma forma apressada de ele dar uma resposta. (Outra coisa), Fernando Bezerra fez uma defesa candente do governo de Dilma até ontem. Eu, por ocasião da primeira etapa da Adutora do Pajeú, em Serra Talhada, assisti a um conjunto de declarações públicas que foram feitas.

Pacto federativo como bandeira do PSB
Não é justo endereçar ao governo federal a discussão sobre o pacto federativo. Você reforma o pacto por uma iniciativa do Congresso e nenhum partido tomou essa iniciativa de fazer uma proposta substantiva sobre o pacto. Não é justo que alguém, numa reunião de prefeitos, faça um discurso fácil, como se o governo federal fosse responsável por isso. Eu acho que existe um ponto preocupante, existe uma contradição no federalismo brasileiro que opõe os estados, os interesses dos entes, que não permite que você avance numa agenda. A gente quis reformar o ICMS agora para diminuir as alíquotas interestaduais para diminuir a guerra fiscal e não conseguimos.

Nova agenda de Dilma
Acho que o desafio de um governante não é apenas poder buscar o que fez, mas sobretudo acender a esperança de um novo período. Então, a Dilma vai precisar de uma agenda nova também. Ela não vai poder só ficar no que já fez ou dizer que vai ampliar o que já fez. Essa coisa ainda vai ser definida. Agora eu pergunto que energia os líderes partidários dedicaram à questão da reforma do pacto federativo nos últimos anos? Quais foram?

O hábil Aécio Neves
Eu já vi Aécio Neves (PSDB) falar muito sobre o pacto federativo, que vivemos numa falsa federação. Agora, como é que Aécio conserva Minas? Ninguém engana ninguém na sua própria casa. Aécio foi eleito duas vezes, elegeu o sucessor - Anastasia - que está muito bem avaliado, e ninguém subestima o candidato que Aécio vai apresentar ao governo do estado, que é o Pimenta da Veiga. Então, ele conserva em Minas um prestígio e uma popularidade e a gente pergunta por quê? Você também não pode negar o prestígio de Eduardo, que foi eleito e reeleito. Prestígio Eduardo tem indiscutivelmente. Agora, na política, ninguém tem um capital fixo. O que eu estou dizendo é que, no caso de Aécio, tem uma coisa longeva. Não me arrisco a dizer que Aécio é mais forte ou mais fraco que Eduardo. Agora, eu vi uma avaliação de que o Aécio teria palanques muito consistentes em 22 estados. Ele é extremamente hábil e eu me dou muito bem com ele. Me dizem que ele está muito aplicado nos objetivos, conseguiu assumir a presidência do partido, depois conseguiu resolver a questão de São Paulo… isso não é fácil.

Discurso economês e social
Se você me instar a falar sobre uma outra agenda, eu posso falar. No interior, por exemplo, eu andei dois dias e meio no Araripe e não falei em PIB. Pernambuco, por exemplo, precisa completar os investimentos em infraestrutura. A gente tem desafios muito grandes na área de infraestrutura, de terminar a Transnordestina, de melhorar o sistema viário de Pernambuco, que tem uma situação de desvantagem e temos o grande desafio de fazer um desenvolvimento mais equilibrado. Eu fui ao Araripe, onde tem um polo gesseiro que emprega 15 mil pessoas, mas você sabe qual a participação do Araripe na economia de Pernambuco? É de 1,6%. O pernambucano do Araripe tem 1/3 da renda do pernambucano do polo metropolitano. Nós temos ainda esse desafio, de fazer um estado mais equilibrado.

Rejeição a rótulos
Quem é que está habilitado para se colocar nesse Pernambuco que está à nossa frente? É alguém que possa caminhar com suas próprias pernas, é alguém que tenha uma relação fora de Pernambuco, alguém que se articule? Eu acho que, em 2014, não vai ser a questão de querer desconstruir o governo atual, não tem sentido isso. Agora, há questões que em Pernambuco preocupam? Sim. O Ideb, que mede o sistema educacional de Pernambuco, é um exemplo. Se isso é ser oposição, eu sou. Eu não estou hesitante, estou dizendo que eu tive um papel independente ao longo do processo. Eu estou oferecendo um outro projeto para Pernambuco para o debate.

Perfil empresarial
Olha, quando eu vejo que Lula foi buscar o apoio de José Alencar (ex-vice-presidente) para compor uma chapa mais adequada, para dar amplitude no conceito social… Lula tinha José Alencar como vice e diz que eu desempenhei um papel importante no primeiro governo dele, porque ele tinha dificuldade na interlocução com o setor empresarial e nós ajudamos.

Disciplina do PTB x  indisciplina do PT
Cada partido tem o seu biorritmo, o nosso é diferente do PT. O PT tem o seu tempo de maturação, de discussão, de debate. Quanto mais o PT debater, é melhor para mim. Uma das coisas mais importantes que ocorreu na perspectiva de um entendimento nosso foi o acordo que proporcionou a eleição de Teresa Leitão como presidente estadual, porque, se tivesse segundo turno (nas eleições internas do PT), haveria uma fratura permanente. Ou seja, vencedores e perdedores até o fim. Com aquela solução inteligente do acordo, do rodízio, o PT tem uma chance de se reunificar e acho que Teresa vai cumprir um papel muito importante. Ela é firme, é uma pessoa em quem você confia como interlocutora.

Lula em Pernambuco
Tão até dizendo que ele está procurando apartamento aqui (risos). Eu não acho que ele vá morar aqui, em Pernambuco, eu não vou tão longe (risos). Mas, com certeza, estará na campanha de Pernambuco. Há uma diferença muito grande entre a eleição municipal e a estadual. A municipal envolvia uma disputa de partidos que estavam no mesmo campo dele. Eduardo era um aliado. Por que ele vinha entrar na eleição? Agora, é uma eleição diferente, onde a Dilma que representa o projeto do PT está sendo desafiada por um ator político importante em Pernambuco, que é candidato à Presidência da República. O nível de engajamento vai depender da agenda dele, mas noto que ele tem um grande interesse na eleição de Pernambuco. Ele nunca me falou que vai derrotar ninguém. O que ele pode dizer é que quer que algum aliado vença. Ele não roda a baiana, porque é muito pernambucano. (risos)

Discurso de traidor
Eu nunca tirei o chapéu para isso. Isso é um discurso bobo. Por que Eduardo traiu Lula? Não acho que seja próprio esse discurso. Se alguém fez, não fui eu. Lula quer defender a candidata dele, como Eduardo vai defender o candidato dele.

Qual é o problema real de Dilma na articulação?
A interlocução política do governo é fraca e grande parte desse ruído se deu por interlocução. Agora, ela tem o estilo dela. Ela não é Lula. Ela não é muito afeita a essa coisa (de articulação), mas quando ela dialoga, ela dialoga de maneira atenciosa, ela registra, ela está mais solta, mais acessível.

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