Corpo de Liberato será velado na Câmara
Considerado pelos políticos de todo o Brasil, como sendo um dos mais autênticos municipalistas e pelos atuais vereadores da Câmara Municipal do Recife como um grande regimentalista, o ex-vereador, ex-prefeito do Recife e ex-deputado estadual Liberato Costa Júnior, 99 anos, faleceu no final da manhã, em sua casa no bairro de Campo Grande.
O motivo da morte foi uma parada cardiorrespiratória. O velório está previsto para começar no final desta tarde na Câmara Municipal do Recife. O corpo será sepultado no Cemitério de Santo Amaro, amanhã, quinta-feira, às 10h. Deixa duas filhas e sete netos. Foram 10 mandatos de vereador do Recife seguidos (1955-2012).
Biografia
Liberato Pereira da Costa Júnior era o seu nome parlamentar. Ele nasceu no Recife, no bairro da Boa Vista, no dia 11 de abril de 1916, tendo cursado os estudos primários na antiga Escola Normal, onde hoje, é a Sede Oficial da Câmara Municipal do Recife. Era filho de Liberato Pereira da Costa e de Maria Josefa Castelo Branco da Costa.
Estudou o curso ginasial no velho casarão da Rua da Aurora, o conhecido Ginásio Pernambucano, onde foi aluno de grandes e expressivas figuras do mundo intelectual e de educadores do Recife, entre eles, Agamenon Magalhães, Anibal Fernandes, Manoel Caetano, Eládio Ramos, Osvaldo Machado, João Cabral de Melo, Olívio Montenegro, Costa Pinto, José dos Anjos, e muitos outros mestres que lecionavam no principal colégio da rede de ensino oficial do Estado de Pernambuco localizado no Recife.
Ingressou na política como integrante de um comitê da União Democrática Nacional, no bairro da Torre. Candidatou-se, pela primeira vez, a vereador em 1951, quando ficou na segunda suplência. Foi eleito vereador do Recife em 1955, ainda pela U.D.N. Posteriormente, divergindo da direção local do partido, desfiliou-se, consequentemente, disputou as eleições de 1959, também para vereador, tendo sido o mais votado do Recife, pelo PST (Partido Social Trabalhista).
Em 1962 foi considerado pela bancada de Imprensa credenciada na Câmara Municipal do Recife, como o mais importante vereador. Daí porque foi aclamado como o Vereador do Ano de 1962. Em 1963, foi o vereador mais votado do Recife, ainda na legenda do PST.
No início de 1963, precisamente no dia 11 de fevereiro, pela vacância dos cargos de prefeito e vice-prefeito do Recife, respectivamente Miguel Arraes e Artur Lima Cavalcanti, eleitos governador do Estado e deputado federal, e por força da Legislação vigente, assumiu em caráter constitucional e definitivo o cargo de Prefeito do Recife. Estava, então, no exercício do cargo de Presidente da Câmara Municipal do Recife. Exerceu o cargo de prefeito até 15 de dezembro de 1963, quando o transmitiu ao prefeito eleito Pelópidas Silveira.
Também em 1963 quando à frente da Prefeitura do Recife construiu a Ponte do Limoeiro em concreto, substituindo a Ponte de ferro destinada aos trens da RFFSA. Ainda no seu Governo, em 1963, deu início ao alargamento da então Estrada da Imbiribeira, hoje, Avenida Marechal Mascarenhas de Morais, ligando o bairro dos Afogados ao Aeroporto dos Guararapes. Criou, ainda, o Departamento de Mecanização do Recife, hoje, a Empresa de Processamento Eletrônico (Emprel).
Como prefeito, enviou mensagem à Câmara, a qual foi aprovada e transformada em Lei, considerando como servidores públicos, os componentes da Orquestra Sinfônica do Recife e da Banda de Música do Recife, que tiveram seus anseios de muitos anos consagrados pela definição jurídica dos seus enquadramentos.
Foi também um dos primeiros prefeitos do Recife a promover o início da revitalização da Cidade, sobretudo das áreas históricas, promovendo a desapropriação de casas localizadas no histórico pátio de São Pedro, além de ter determinado a pavimentação desse logradouro.
Como vereador foi autor do projeto de lei que consagra simbolicamente o dia 12 de março, data da fundação do Recife. Autor também, do projeto de lei que criou o Diário Oficial do Município, transformado em Lei, o qual foi implantado através do Decreto nº 9382, de 11 de março de 1969, do então prefeito Augusto Lucena.
Foi autor da Emenda a Lei Orgânica, que define como feriado municipal o dia 6 de março, em homenagem aos heróis e mártires da Revolução Pernambucana Constitucionalista de 1817.
É autor, também, do projeto de lei que criou e foi amplamente noticiado, a “Rádio Difusora Frei Caneca”, órgão ligado ao município e que se encontra em fase de pré-instalação. Proposições inúmeras de todas as qualificações e requerimentos pertinentes ao problema citadino marcam a sua presença na vida política do Estado e, sobretudo enfatizando, a vida política da heroica e democrática Cidade do Recife.
É o fundador da União dos Vereadores de Pernambuco - UVP e também, da União dos Vereadores do Brasil - UVB, nas quais já exerceu cargos de presidente, secretário geral e, eleito 2º vice-presidente da União de Vereadores do Brasil, em Brasília, nos dias 26 a 28 de junho de 1995, quando aconteceu o XXXIII Encontro Nacional de Vereadores.
Presidiu por mais de uma vez, as Comissões de Legislação e Justiça; Finanças e Orçamento, dentre outras. Fez parte do Conselho de Cultura da Cidade do Recife, foi membro da Comissão das Comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil.
Além de prefeito e vereador, também exerceu mandatos de Deputado Estadual. Em 1966, disputou as eleições proporcionais para a Assembleia Legislativa de Pernambuco, elegendo-se deputado estadual Constituinte pela nova legenda, da qual foi o fundador, criada com a extinção de todos os partidos, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). foi um dos primeiros brasileiros a ingressar na nova sigla partidária para fazer oposição a ditadura militar.
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