segunda-feira, 8 de abril de 2013


A Copa e a seca

Enquanto o governo promete migalhas para a seca, gasta mais de 10 bi só em estádios de futebol 

 Diante de um quadro tão dramático no Nordeste, em que se assiste a uma luta quase que inglória para se salvar o rebanho bovino dos efeitos da mais longa seca dos últimos 50 anos, o Governo começa a tirar do papel as promessas para realização da Copa do Mundo em 2014.
Estima-se que os investimentos cheguem a R$ 40 bilhões, dos quais mais de R$ 10 bilhões na construção e reformas de estádios. Não entendo de futebol e, portanto, não posso colocar a minha colher nesse cozido, mas não teria sido mais logico e mais econômico para o País centralizar o certame mundial nos principais centros econômicos, como São Paulo, Rio e Minas?
Após a Copa, para que servirá, pelo amor de Deus, uma super Arena em Manaus, São Lourenço, Natal e Cuiabá? Essas superestruturas sediarão apenas três jogos da Copa e priu! Com tantas desigualdades, miseráveis convivendo com ratos nas favelas e mendigando nas ruas, o Brasil pode se dar ao luxo de se curvar a pressões políticas ou vaidades?
Com a dinheirama investida em arenas do Nordeste, como Salvador, Fortaleza, Natal e São Lourenço, o Governo certamente teria mais retorno em projetos capazes de aumentar a capacidade hídrica do Nordeste.
Faz Copa do Mundo quem pode! Quem pode se dar a esse luxo são os países ricos do mundo civilizado. A luta no Brasil, infelizmente, tem que ser ainda pela sobrevivência humana, pelo fim das disparidades sociais e injustiças.
Gostaria de saber se justifica um investimento de R$ 400 milhões, só por parte do BNDES, para erguer uma arena da Copa em Manaus! Claro que não. Esta arena de São Lourenço é outro grande equívoco. Para sediar apenas três jogos mundiais, que não incluem a apresentação da seleção brasileira, não teria sido mais lógico ampliar e modernizar o Arruda?
Esse excesso de gastos públicos é uma repetição, sem nenhuma dúvida, dos Jogos Pan-americanos de 2007, inicialmente previstos em R$ 500 milhões, tendo custado ao seu final R$ 4 bilhões.
O mais incrível disso tudo é que, para o País não passar vexame na Copa, não há limite de gastos, enquanto a seca vai deixando um rastro de destruição como um tsunami, pegando de proa especialmente o gado.
Por mais esforços dos pecuaristas em parceria com o Governo, em Pernambuco, por exemplo, a seca vai reduzir metade do seu rebanho bovino e deixar 80% dos reservatórios em colapso total.

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